03/05/10
Nos últimos dias, o mundo foi surpreendido pela erupção do
Eyjafjallajökull, vulcão (com nome impronunciável!) localizado na
longínqua Islândia. Os resultados, no entanto, foram sentidos de perto:
algumas milhões de pessoas – muitas brasileiras, inclusive – tiveram
seus voos suspensos devido à nuvem de cinzas expelida pelo vulcão
islandês. Estima-se que as companhias aéreas amargaram um prejuízo de
cerca de US$ 1,7 bilhão, algo comparável às perdas causadas pelos
ataques terroristas contra as Torres Gêmeas, em Nova York, no dia 11 de
setembro de 2001.
Apesar dos transtornos causados, a imagem do vulcão em erupção fascina e
suscita muitas dúvidas. Mas, afinal, o que é exatamente um vulcão e o
que o faz entrar em erupção?
A professora Leila Soares Marques, do departamento de Geofísica da
Universidade de São Paulo, dá a dica. “Precisamos pensar a Terra como um
sistema dinâmico. No seu interior há movimento de matéria, cujos
reflexos são sentidos na superfície, como a ocorrência de vulcanismo e
terremotos. Em geral, os vulcões situam-se nas bordas das placas
litosféricas. Quando essas placas se movimentam, ocorrem vulcões ou
terremotos”, explica a professora.
Ao entrar em erupção, os vulcões expelem fragmentos de rocha, gases e
lava – que nada mais é do que rochas em estado de fusão devido às altas
temperaturas. Na Islândia, por exemplo, a temperatura pode chegar a até
250° Celsius quando a terra é escavada um quilômetro em direção ao
centro do globo.
A lava é extremamente perigosa e pode destruir tudo o que está em volta
do vulcão. O episódio mais famoso ocorreu em Pompeia, cidade italiana
vizinha a Nápoles. No ano de 1979, o Vesúvio entrou em erupção, e a
antiga cidade ficou submersa por suas lavas. A maioria dos habitantes
não teve tempo de fugir. Até hoje é possível visitar as ruínas da cidade
e observar os corpos que foram petrificados enquanto tentavam fugir das
lavas.
Solo fértil e energia renovável
Mas o vulcão nem sempre é um vilão. O calor produzido por ele pode ser
também fonte de uma das energias mais limpas do planeta – a energia
geotérmica. A Islândia, por exemplo, que possui mais de 200 vulcões
ativos no seu território, soube explorar esse potencial e hoje cerca de
60% da energia consumida no país é geotérmica.
No Brasil, onde grandes erupções ocorreram num passado bem longínquo, os
vulcões deixaram uma preciosa herança: as Serras Gaúchas e a “terra
roxa”, solo extremamente fértil presente nos estados do Paraná e de São
Paulo. Hoje, não há nenhuma atividade vulcânica no nosso país. “Como o
Brasil está situado longe das bordas das placas, há uma probabilidade
muito remota de ocorrer vulcanismo”, afirma Leila.
Atualmente, os vulcões ativos mais próximos do Brasil estão na
Cordilheira dos Andes – na Argentina e no Chile. Mas são os países
situados ao redor do Oceano Pacífico, no chamado Cinturão de Fogo, que
mais concentram esse fenômeno. Quase todos os países banhados pelo
Pacífico possuem grandes vulcões, como o Paricutin, no México, o Monte
Santa Helena, nos Estados Unidos, o Monte Fuji, no Japão, e o Monte
Pinatubo, nas Filipinas. Apesar de não estar no Pacífico, um dos vulcões
mais famosos é o Stromboli, na Itália, que está em erupção há mais de
mil anos.
“Atualmente há no mundo cerca de 1.500 vulcões potencialmente ativos, ou
seja, que podem entrar em erupção. No entanto, é difícil afirmar se um
vulcão é ativo, pois o intervalo entre as erupções pode ser de até
centenas a milhares de anos”, conclui Leila.
FONTE: SEEDUC: http://www.conexaoaluno.rj.gov.br/atualidades-00.asp?EditeCodigoDaPagina=4172